domingo, 25 de janeiro de 2009

A melhor coisa do mundo?

O feliz nascimento de três petizes muito próximos, tão lindos que emocionam, fez-me pensar no quão duro é o papel de mãe. Já não bastavam as dúvidas, medos e inseguranças que qualquer mãe vive e sente, e ainda têm que levar com os educadores-mor, que são, regra geral membros da família alargada que se acham no direito de opinar sobre o presente e o futuro da criança.

Começa o festival ainda a criança está sossegada e por parir. Que cesariana não pode ser porque isto e aquilo, e que a maternidade é que é e deixem-se lá de modernices de hospitais particulares, que não se pode comer isto porque aquilo e aquilo porque aqueloutro, que vai ser rapaz, não, rapariga porque a barriga está mais espetada e como toda a gente sabe a barriga espetada é sinal universal de fêmea, e nomes? ai os nomes, tem que ser o cruzamento do nome do avô com a tia da prima, porra, que ninguém os cala!

E depois a criança nasce, e começa o coro das velhas de novo, porque é a cara do pai, não, da mãe, não o metas a arrotar antes de ter dado quatro bufas, das malcheirosas, se for cólicas, pastos de água quente que os medicamentos só fazem é mal, o quê? não vais amamentar? vaca, mãe desnaturada que só pensa nela, quero lá saber que tenhas carregado 4 quilos de gente durante nove meses és uma egoísta só pensas em ti, leva a criança à médica da caixa, que a Dra. é muito tua amiga e tratou de ti e dos teus irmãos, oh cum carachas!

E as mulheres? Já não basta deixarem de ser as Joanas e as Patrícias, as Ineses e Marias para passarem a ser as «mães de» como ainda têm que passar pelos encómios de uma maternidade com a buzina da sapiência saloia a ecoar nos ouvidos. Nestas alturas, toda a gente é pediatra e, pior, toda a gente tem uma opinião. Sobre os filhos dos outros. O que, convenhamos, é um óptimo lugar para se estar. Muito seguro e quentinho.

Ser mãe deve ser, antes de mais, uma alegria. Mas que dura pouco, como sentir deslocado de outros. Ou seja, depois da pura felicidade, começam outras incomodidades que sempre a acompanham, como o medo que ela se acabe. Às mães parece que lhes é exigido tudo. Há o olho gigante do mundo que pende sobre elas, como um cutelo que pode cair ao mínimo desleixo. O mundo quer que as mães sejam boas mães, mas ninguém explica o que isso é. E não explicam porque não sabem. Porque isso não existe. O que existe é que a consciência de cada um determine, a cada momento, o que é o melhor para os filhos. E isso é, como em tudo o resto, altamente discutível e falível.

No limite, ser mãe deve ser muito pouco romântico. A vida ainda está por me mostrar que ter filhos é mesmo a melhor coisa do mundo. Mas cá estarei para lhe dar razão. Se for caso disso.


Ao Francisco, ao José e ao Vicente. Felizmente as vossas lindas mães não são tão cínicas quanto a vossa tia.

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